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A roda viva dos apresentadores de TV

Recentemente, Fausto Silva anunciou que encerrará seu programa na TV Globo, o “Domingão do Faustão”. Contudo, não será o final da atração de auditório dominical: a emissora já está preparando um substituto, muito provavelmente deslocando Luciano Huck e seu “Caldeirão” para o horário.

A substituição de um apresentador é como a passagem de um cometa, não é algo comum e, quando acontece, chama muito a atenção. Talvez porque a audiência esteja acostumada àquela cara familiar em sua telinha, e a ideia de perdê-la traz uma dose de comoção. Mas, assim como o cometa não é o único corpo celeste no céu, outras estrelas surgem após a passagem do bastão.

O próprio Fausto Silva ascendeu após a morte do Chacrinha, em 1988. João Kléber tentou continuar com o programa do Velho Guerreiro, mas foi o “Domingão” que, em 1989, emplacou. E fez história por 32 anos. Não surpreende que seja difícil achar um substituto à altura. Tiago Leifert bem que tentou, quando Faustão precisou ser internado por conta de uma infecção urinária. Mas ele sofreu, porque TV ao vivo é, para dizer o mínimo, exigente.

Ao deixar a TV Globo, Faustão entregará um legado comparável apenas ao dos grandes apresentadores, e aqui falamos de Silvio Santos e Chacrinha. Os três são responsáveis pela introdução de diversos elementos que mudaram a cara dos programas de auditório. Antes de Silvio, Fausto e Abelardo, os programas se resumiam a um show de calouros, com aspirantes a cantor se submetendo às críticas, por vezes mordazes, de jurados caricatos.

Foram eles que começaram a inserir outras ativações em seus programas. Chacrinha lançava bacalhau; Faustão criou suas dolorosas olimpíadas; Silvio Santos começou a jogar aviõezinhos feitos com notas de cinquenta.

Eles também são responsáveis pela popularização das “pegadinhas”, preparadas, como as de Ivo Holanda para o programa “Silvio Santos”, ou espontâneas, como as vídeo-cassetadas enviadas ao Faustão pelos próprios espectadores.

Outro elemento hoje comum nas atrações de auditório é o uso da boa e velha roleta, protagonista em quadros como o “Roda a Roda” e “Roletrando” e, nos dias de semana, fonte de eterno suspense no “Bom Dia & Cia”. Quem nunca gritou “PlayStation! PlayStation!” enquanto Maísa girava a roleta?

ROCK
ROCK

É bem verdade que as novas ideias trazidas por Fausto Silva acabaram abrindo uma caixa de pandora para os programas que, por vezes, podem sim ter extrapolado. Na ânsia de competir com o global, surgiram quadros perigosamente próximos da linha do bom gosto. A “Banheira do Gugu” é um bom exemplo de ideia que talvez tenha ido longe demais.

Com o fim do legado de Faustão na emissora carioca e o eventual término do programa Silvio Santos (um dia ele vai ter que acabar), a pergunta que fica é: o que vem a seguir? Qual é a próxima atração?

A resposta não é fácil, porque um programa de TV é reflexo dos tempos em que vivemos, e vivemos tempos estranhos. Mas talvez o próprio Fausto Silva sirva de chave para essa resposta. Antes de explodir na TV Globo, Faustão comandava um programa todo sábado, chamado “Perdidos na Noite”. Transmitido ao vivo pela TV Gazeta, e depois pela Record e Bandeirantes, o “Perdidos” era um campeão de audiência em meados dos anos 80, justamente porque era diferente, fugindo dos estereótipos de programas de auditório da época.

A inovação da linguagem foi o passe para Fausto Silva ganhar seu espaço e construir sua bem-sucedida carreira. O mesmo aconteceu com outros jovens inovadores dos anos 80, o pessoal do “Planeta Diário” e da “Casseta Popular”, duas publicações de humor que acabaram originando o “Casseta & Planeta”, a trupe de comediantes que revolucionou o humor televisivo.

Então, para saber quem de fato vai ocupar o lugar de Fausto Silva e, eventualmente, de Silvio Santos, devemos olhar para quem é, hoje, o comunicador mais inovador, mais atento e mais inserido na realidade a sua volta. Tiago Leifert? Marcelo Adnet? Rodrigo Faro? Luciano Huck? Ou nenhum dos anteriores? Fique ligado nas cenas dos próximos capítulos.

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