Joseph Blatter confessou que se sente responsável por decisão equivocada de levar Mundial ao país do Oriente Médio; evento começa daqui duas semanas
Com a Copa do Mundo do Catar cada vez mais próxima e meio às convocações das seleções participantes, da organização final do calendário e da movimentação de toda a indústria do esporte – desde empresas de apostas ao vivo até transmissoras do evento –, o ex-presidente da FIFA, o suíço Joseph Blatter, surpreendeu o mundo com uma confissão insólita. Em entrevista ao canal suíço Tamedia, ele disse que a escolha pela sede do Mundial “foi um erro”.
O que chama atenção é que Blatter não era só o principal mandatário da entidade responsável pela eleição do Catar como sede da Copa como, além disso, foi o responsável por anunciar, em dezembro de 2010, que o país do Oriente Médio receberia o torneio mais importante do futebol mundial.
“O futebol e a Copa são muito grandes para isso. Eu fui o responsável naquele momento, já que era o presidente da FIFA”, disse ele, que presidiu a entidade entre 1998 e 2015.
Ele também admitiu que a concorrência deveria ter sido vencida pelos Estados Unidos, que se colocava como principal candidato depois da Rússia, que recebeu a Copa em 2018. “Teria sido um gesto de paz se os dois adversários políticos tivessem organizado Mundiais um atrás do outro”, explicou.
Não é a primeira vez, contudo, que Blatter se mostra arrependido com a escolha do Catar para sediar o Mundial de futebol masculino. Em novembro de 2021, em uma entrevista ao jornal francês Le Monde, ele já se mostrava resignado com a decisão da FIFA. “Não podemos mudar a história mais”, disse ele à época.
A escolha do Catar foi muito criticada desde o seu anúncio, há mais de uma década, envolvendo desde escândalos de corrupção dentro da FIFA até os chamados de boicote que várias ONGs globais fizeram ao longo desse período como forma de protesto aos problemas envolvendo direitos humanos na organização do evento.
As polêmicas continuam mesmo às vésperas do início do Mundial, no domingo (20), no jogo entre Equador e Catar. Em entrevista ao canal alemão ZDF, o embaixador da Copa — e ex-jogador — Khalid Salman, deu uma resposta repudiável sobre um assunto que já é tema de críticas mundo afora: a presença de torcedores LGBTQIA+ nos jogos. “Muitas coisas vão chegar ao nosso país durante a Copa. Falemos dos homossexuais. O mais importante é que todos aceitarão chegar aqui e, assim, terão que aceitar nossas regras”, disse.
Se é mais uma declaração comum de autoridades cataris sobre o tema, ela ficou ainda pior quando o repórter do canal de televisão perguntou sobre a opinião de Salman sobre a homossexualidade — no que o embaixador respondeu achar ser “haram”. O termo faz referência ao que é proibido e que, no Catar, designa uma pessoa que deve ser castigada. Além disso, replicou que homossexuais têm “problema mental”.