Por EBC,
Costumeiramente lotado quando recebe shows musicais ou durante o carnaval, o Pelourinho ficou cheio na noite de ontem (6) para algo mais inusitado: uma peça de teatro.
Dirigida por Gil Vicente e inspirada na obra do autor de telenovelas e escritor Dias Gomes (1922-1999), o musical Os dias bem amados: vida e obra de um autor baiano marcou a abertura da Festa Literária Internacional do Pelourinho, a Flipelô, atraindo um grande público para o centro histórico de Salvador.
“O grande chamariz da Flipelô é que ela transforma o coração da cidade – que é o centro histórico – no Carnaval das Letras e da literatura”, descreveu Abertura da Festa Literária Internacional do Pelourinho.
Curador de dois espaços da Flipelô: a Vila Literária e o Espaço para Infâncias Mabel Velloso ele disse que a visitação foi enorme e a programação oficial e literária ainda nem começou.
Flipelô
Maior festa cultural literária da Bahia, a Flipelô acontece até domingo (10) em cerca de 150 espaços públicos e privados do Centro Histórico de Salvador. Chegando em sua nona edição, o evento está ainda maior neste ano e a expectativa dos organizadores é que ela supere as 250 mil pessoas que participaram no ano passado.
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São nove edições e a Flipelô está mais do que consagrada e mais do que abraçada. Aqui é esse lugar assim de afeto, mesmo”, informou Deco à Agência Brasil.
“A programação deste ano está riquíssima, dialogando com muitos gêneros literários, com muitas formas de escrita e dialogando também com diversas artes, porque a dramaturgia é isso, né? Ela acaba abrindo a gente para esse leque e faz com que isso se torne ainda mais diverso”.
Público
Morador de Salvador e autor dos livros Talvez não tenha criança no céu e Mônica vai jantar, o escritor Davi Boaventura, 39 anos, visitou o Pelourinho na noite de quarta-feira para assistir o musical que abriu a Flipelô. Em entrevista à Agência Brasil, ele disse que vai participar do evento neste ano de duas formas: como público-leitor e também participando de uma mesa na programação paralela da Flipelô.
“Acho que vou vir aqui todo dia. A Flipelô é maravilhosa. Ela é algo que movimenta muito [a cidade] e é muito bom trazer a literatura para uma cidade em que as artes são tão fortes. Isso dá destaque para o que precisa ter destaque”, afirmou.
A professora Flávia Lima, 37 anos, também de Salvador, acompanha a Flipelô pela terceira vez. Para ela, a festa literária é uma “grande troca cultural”.
“Sou uma apaixonada por literatura, então este é um momento em que a cidade fica em festa para a gente prestigiar os espaços literários. É um momento em que a cidade se abre para receber autores de outros lugares e que não estamos acostumados a ver, só a ler. Então, esse é um momento de estarmos pertinho dos escritores.”
Antes mesmo do evento ter início, Flávia já selecionou o que deseja aproveitar da festa literária. “Já fiz um rascunho das coisas que quero ver. Na sexta, quero ver a Elisama Santos e Lázaro Ramos. No sábado, Lázaro Ramos, em outra mesa. No domingo, quero ver a Sofia Oliveira, que é daqui de Salvador, mas está morando agora em São Paulo”.
Não são apenas os moradores de Salvador que pretendem acompanhar esse carnaval literário no Pelourinho. “Esta é uma grande oportunidade de interagir com a cultura desse território, com os autores. É uma festa que vale muito participar e celebrar”, disse a bibliotecária Elisabete Veras, que veio do Rio de Janeiro para curtir a Flipelô. “Meu propósito é curtir a festa. Acho que essa interação que a Flipelô traz de interagir com autores e de estarmos todos nesse pequeno espaço, é uma grande possibilidade de estar próxima dos meus autores.”
Diversidade
A programação da Flipelô é muito diversa, abraçando também outras artes para além da literatura. Se na abertura teve teatro, no domingo a festa se encerra com uma orquestra em tributo a Jorge Amado. Mas há também saraus, debates, shows musicais, exposições, lançamentos de livros, oficinas e, inclusive, uma rota gastronômica. Um dos destaques deste ano é a presença de escritores internacionais como Adelino Timóteo e GauZ, que estarão na Casa Motiva, na Vale do Dendê.
“Neste ano, temos mais escritores internacionais e estamos ainda mais voltados para a língua portuguesa. Temos uma quantidade considerável de autores. No Espaço Mabel Velloso, que é o espaço para infâncias, pensamos muito em uma literatura que coloca a criança como protagonista das histórias.Trouxemos autores e autoras que são muito queridos pelas crianças como Flávia Lins e Silva, Lázaro Ramos, Alexandre Coimbra Amaral estreando na literatura para crianças, Elisama Santos e Emília Nunes, que é um nome fortíssimo aqui na Bahia”, ressaltou.
Outro destaque é a Vila Literária, instalada no Largo Tereza Batista, com programação toda voltada ao público jovem, incluindo um concurso de cosplay [fantasias com referências de personagens da cultura pop].
“Na Vila Literária a gente vai ter a primeira batalha de desenhos ao vivo. Serão dois dias com batalha de desenhos para que o público se divirta e vote. E teremos também o primeiro desfile cosplay discotecado da história da Flipelô, que acontece nesta quinta-feira (7)”, explicou Deco.
A Flipelô é apresentada pela Ministério da Cultura e pela Fundação Casa de Jorge Amado e acontece até domingo (10), com programação inteiramente gratuita. Mais informações sobre a festa podem ser obtidas no site.
*A equipe da Agência Brasil viajou a convite da Motiva, patrocinadora e parceira oficial de mobilidade da Flipelô 2025