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Especialistas buscam mais poder de decisão da ciência na COP30

Por EBC,

Representantes da sociedade civil e de órgãos de governo fizeram um apelo, nesta sexta-feira (3), por mais protagonismo e poder de decisão do conhecimento científico na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontecerá em Belém, de 10 a 21 de novembro.

Um encontro para traçar estratégias de como a ciência será representada na COP30 reuniu integrantes de entidades não governamentais – como a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) – e órgão do governo, como o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao MCTI.

A reunião foi na sede da Finep, no Rio de Janeiro. Na COP30, são esperadas delegações governamentais e organizações da sociedade civil de todas as partes do planeta para buscar soluções para o aquecimento global e a mudança climática.

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A presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader, pediu união de forças pela ciência Foto: Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil

Ao defender o conhecimento cientifico, a presidente da ABC, Helena Nader, disse esperar que na conferência de Belém, o cenário seja diferente da Rio+20, Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento Sustentável, que aconteceu em 2012, no Rio de Janeiro.

“Na Rio+20, ficamos ansiosamente esperando o documento final, de mais de 100 páginas, e verificamos que a palavra ciência não foi dita uma única vez”, constatou.

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Nader considera que agora os tempos são outros e pediu união de forças pela ciência. “Cabe a sociedade civil, junto com o governo, estar nessa luta pela integração e fortalecimento da ciência na agenda climática brasileira.”

Soberania e identidade

A presidente da SBPC, Francilene Garcia, considera que a presença da ciência na agenda climática deve apresentar também uma “identidade brasileira”.

“Nossa ciência tem que ser protagonista, trazer soberania e sua própria identidade. Temos ciência no Brasil, precisamos integrá-la e fortalecê-la,” explicou.

 A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, incentivou que a ciência brasileira tenha voz ativa nos fóruns globais. Foto: José Cruz/Arquivo Agência Brasil

Em participação por meio de mensagem gravada de vídeo, a titular do MCTI, Luciana Santos, apontou que o mundo vive um cenário de urgência climática e reforçou o compromisso da pasta em apoiar pesquisas que promovam resiliência climática e fortalecer redes de ciência.

Luciana Santos incentivou que a ciência brasileira tenha voz ativa nos fóruns globais. “Ciência, tecnologia e inovação são pilares da soberania e, na crise climática, são também instrumentos de solidariedade planetária”.

 

“Vamos elevar o papel da ciência na COP30, afirmou a diretora executiva da COP30, Ana Toni. Foto: Valter Campanato/Arquivo Agência Brasil

A diretora-executiva da COP30, Ana Toni, também enviou uma mensagem na qual afirma que o país usa a ciência para orientar políticas públicas.

“Vamos elevar o papel da ciência na COP30, afirmou.

Urgência climática

A urgência climática foi enfatizada pelo pesquisador Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP). Segundo ele, o planeta se aproxima de um “ponto de não retorno” provocado pelo aquecimento global. Ele citou o desmatamento da Amazônia como um dos fatores que fazem com que mais gás carbônico seja lançado à atmosfera, contribuindo para as mudanças climáticas.

O presidente da Finep, Luiz Antonio Elias, defendeu a liderança do Brasil no enfrentamento ao aquecimento global e pediu ousadia na agenda climática.

“O último relatório do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, na sigla em inglês, um órgão da ONU] confirmou que a temperatura média global já aumentou 1,1° Celsius, isso é significativo. Desde a pré-indústria não temos nada semelhante. Cada fração de grau importa para a segurança alimentar, disponibilidade hídrica, saúde pública e economia”, ressaltou.

Antonio Elias completa que não há política climática eficaz sem base científica sólida e sem investimento em conhecimento.

“A Finep tem apoiado ativamente essa agenda através de financiamento e projetos de energias renováveis, redes inteligentes, armazenamento de energia, hidrogênio verde e eficiência energética”, listou.

Conhecimento de base

O presidente do CNPq, Ricardo Galvão, cobrou que institutos científicos sejam mais ouvidos na elaboração de políticas públicas. Foto: Marcelo Camargo/Arquivo Agência Brasil

O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão, cobrou que institutos que produzem ciência, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Observatório Nacional, entre outros, sejam mais ouvidos na elaboração de políticas públicas.

“Uma coisa que se perdeu, agora estamos recuperando”, disse. “O conhecimento do MCTI está nas unidades de pesquisa, e as unidades de pesquisa não são ouvidas na formulação de políticas públicas. Delas têm que sair as políticas do ministério”, completou o representante do órgão ligado à pasta.

Físico renomado, Galvão ganhou mais notoriedade em 2019, no governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), quando foi exonerado do cargo de diretor do Inpe (responsável pelos sistemas de monitoramento da Amazônia), após o então presidente questionar dados sobre desmatamento, que mostravam recordes negativos. 

Galvão pediu ainda que seja feita divulgação mais acessível de estudos ligados a mudanças climáticas. Segundo ele, às vezes, nem engenheiros entendem alguns termos, e a população precisa saber como isso se reflete na vida de cada um.

A presidente da Capes, Denise Carvalho, defendeu que a agenda climática seja cada vez mais ligada ao conteúdo educacional passado aos alunos – Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil

A presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Denise Carvalho, defendeu que a agenda climática seja cada vez mais ligada ao conteúdo educacional passado aos alunos.

Segundo ela, é preciso que o tema faça parte da formação de professores.

“Há uma transversalidade da pauta ambiental nas políticas educacionais desde o currículo da formação docente, infraestrutura das escolas e dos territórios, que precisa ser discutida de baixo para cima”, declarou a presidente do órgão ligado ao Ministério da Educação.

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