Nos últimos dias, tem se falado muito sobre os impactos negativos da alta da Selic, que chegou a 10,75%, um patamar que não chegava há 5 anos. Principalmente no que diz respeito a juros mais altos nos financiamentos.
A Selic em alta desestimula os investimentos. No caso do mercado imobiliário, por exemplo, o crédito fica muito mais caro, impactando no valor das parcelas e prejudicando as vendas, em um cenário onde o poder de compra já está bastante defasado.
Com as vendas em baixa, os empreendimentos devem diminuir, desacelerando um crescimento que vem forte desde 2021, quando a Selic chegou a 2%. O impacto será sentido na geração de empregos e também nos níveis de preços dos aluguéis, já que quem iria comprar um imóvel pode optar por alugar, até o nível de juros baixar novamente.
Mas há um aspecto nessa alta que pode impactar positivamente nos preços e na inflação.
Um quarto dos municípios tem estrutura de promoção da igualdade racial
Caixa termina de pagar parcela do Bolsa Família de outubro
Com a alta da Selic, o Brasil se torna mais atrativo para a entrada de capital estrangeiro. Os investidores internacionais ficam à procura dos países onde seu capital pode ser melhor remunerado, ou seja, que tenham taxas de juros maiores.
Com uma taxa acima de dois dígitos, esses investidores vêm e compram papéis emitidos pelo país, trazendo uma oferta enorme de dólares para o mercado. Considerando a lei da oferta e da procura, sempre que há excesso de algum item no mercado, seu preço cai. É o que se espera para o dólar também.
Um fator que pode frear um pouco essa queda no preço do dólar é a possibilidade de aumento de juros nos Estados Unidos, devido à necessidade de controle da inflação, tornando seus papéis mais atraentes aos investidores. O cenário interno no Brasil, onde o ajuste fiscal ficou em segundo plano em relação às medidas populistas para tentar a reeleição no executivo federal, também pode afetar o dólar no sentido contrário do que se espera.
A taxa de câmbio está diretamente ligada à inflação dos preços. Quando o dólar sobe, toda a matéria-prima importada sobe junto, provocando um efeito cascata de aumento em toda a cadeia produtiva e indo parar nos preços nas prateleiras e gôndolas.
Pagamento das parcelas do Auxílio Gás de outubro termina nesta sexta
Receita paga nesta sexta lote da malha fina do Imposto de Renda
Outro efeito nocivo da alta do câmbio para a economia é o fato de a indústria optar por exportar seus produtos em vez de vender no mercado interno, já que recebendo em dólar o lucro é muito maior, desabastecendo o mercado local e causando alta nos preços.
Através da alta da taxa Selic — e se concretizando a entrada maior de capital estrangeiro — a tendência é que o dólar baixe o patamar e, por consequência, os insumos caiam de preço e a exportação fique menos atrativa, ocasionando uma queda nos preços.
O Banco Central vem fazendo o amargo papel que lhe cabe nessa difícil equação econômica. Cabe agora aos agentes políticos contribuírem mais — e de forma mais realista — para que as medidas de contenção da inflação sejam efetivas no curto prazo.
Rogério Araújo é gestor e consultor financeiro, especialista em investimentos, fundador da Roar Educacional Consultoria e líder educacional da corretora de investimentos Vítreo
 
				